30 de junho de 2011

Espaço em vida

Vou catando lembrancinhas dolorosas rio gelado afora
Me clareia o rosto essa chuva pesada que tenta levantar amanhã
Se teu futuro me adivinhasse uma alegria dentro dos próximos passos
(Em cima dele e seus)
O lago abriria uma contradição e retornaria o mesmo
Que o pesar me basta agora em manchar de tinta negra a face rosada em flores
Frescor de inverno
Nesse veludo rouco que treme o corpo em desgraças me avisando mentiras maldosas, um anjo
Anda! Flutua, barco, sem cansar meu braço e encosta na garrafa certa
Vai buscar meu ninho de ternura permanente, empenha tua calma e dispõe tua vida a me embalar de vez

25 de junho de 2011

Nos limites

Choraste a minha lembrança em tua dor mais confortável
E regravaste as canções no meu peito, no teu
Dormiu três dias em meu colo porque me recusei cansar
Cansei de desejar
Me lê igual depois de maior?
Volte sempre contra o ritmo
Guardamos pedaços nostálgicos pra nos separar do tédio de não doer
Até que doa em nós
Mas eu sempre vou querer mergulhar nos teus olhos sem contorno
Me proteja desses medos dentro deles


Não se esquece um covarde

O batuque no chão lembra a doçura das terras livres
Tua dança na sala morta...
Alguma parte em teu peito me escolta
Notas antigas vão lhe entrevistar
Meu destino debruçado em sonhos vive a teu dispôr imaginário
''-Canções pra te envaidecer, menina...
Mas eu, escolhi a frieza de meu pai,
Quis te cortar com a faca afiada na boca de uma união
Me vingar com teu sangue puro, pra que me lembres...''
Repugno
Lhe faz herói fugir da sorte pra lamentar ao mundo angústias por ti concebidas
Canta à teus filhos, covardes...

(01/06)



11 de junho de 2011

Emoção desconfortável

Bonito é que as letras se aglomerem no frio
Tece um manto macio como a brisa suave no ouvido
São tuas, são minhas inimigas
Tua emoção que viaja em teus sonhos se lança à minha sorte
Cigana é o nome de um pássaro
Eu sou pessoa que brinca ao voar
Desnecessário é enfeitar a verdade
É?
Crie um sonho engraçado pra lembrar...
Às vezes me sinto um tanto além da exaustão
Mas passa
Muda como o pó da ampulheta
Quero dizer tudo até jurar que não me entenderás jamais
Então tente a cada dia e aumente cada por de sol
É puro como é puro derramar o gelo pela casa
Incinerei hoje todas as cartas
Ardeu o peito com as chamas pela ultima vez
Fogo me faz menos viva se enfermo
Durma em paz


Do inverno e do sol

Aguardo tua volta
Desencantada sobre a velha pedra
Esquecida ao sol, por ti, por ti
Por ti que me coleciona os pedaços imaginários
De vento feroz ou de brisa
Me tens antes de sentir, contemplas
Em cima de outra espera gelada me avisavam os versos velozes expulsos aos gritos do meu olhar estático:
O inverno é antigo, em seu baú mofado congela fantasia e encontro!
Vieste antes dos insetos negros, e antes ainda do ruido do trem
Mas minhas palavras não haviam saído da boca
Preferi chorar meus lamentos enquanto escalavas a porta
Foi preguiça de te admirar, quis ser vista
Além do mais, sempre é cômodo ao sol de inverno

(09/06/11)

8 de junho de 2011

Menta (Não me traga velas)

Tudo o que pedes a si mesmo, não questionas
Faz de mim tua boneca, a que não podias ter
Pensa que me podes perder
Não sou eu que me tenho
Molda-me à tempo tamanho que esquece o que desejas
Quero teus carrinhos
Lembra carinho se me lê?
Faz uma saudade em meu quarto, leva minha bagagem que eu desço os lençóis
Vem juntar teu mundo ao meu, me despeço ao jantar

Escasso

Mas teus braços são dois pavores
Conceda-me um favor e me aperte até que à teu ventre eu retorne
Em teu desconforto aninha-me
E tua sede alimenta minha paz
Perdoa-me

7 de junho de 2011

Da loja

Tire tua boca dessa palavra
E coma um a um os conceitos
Perca teu tempo
Teu palco é o amargo
Amas que sintam pena de teu orgulho
E te ergues forjando ser má
Teu muro
Se é que amas...
Que as coisas belas sujam teu ego
Que qualquer paz é como estrondo lírico
Mentes bem
Odeia ser igual que é uma a mais
E grita que odiar e esnobar é incomum
Abraça teu egoísmo, cutuca quem aprecia ao âmago e critica teus iguais
Te olham, e te descobrem mais
Suja de lodo, capacho, inseto chato
Esse é teu rítimo?
Que a raiva me morde pra que me tenhas aliada a ti!
Passou

4 de junho de 2011

Branco

Teu pequeno tronco, apoio a face pálida
Ressaltava a sede
A coragem dela era ousadia extrema
Não perdoava seus suspiros atentos
Era pequeno e também o amava
Corpo movido pelos olhos denunciava:
Tal qual mãe ou namorada
A desejava!

Intocável

Dessa forma que me chama
Somes
E se me escala essa tua falta dá-me broncas
Poções falhas
Queres que a socorra quando pedes
Envergonho-me tarde, me viste nascer

3 de junho de 2011

O terceiro

Parecem meus olhos os teus
São os meus que parecem os dele
Teu carinho perfuma o ar
Ainda que eu não more ao vento
E ainda que ele não sussurre teus versos bonitos aos feixes de sol
Minha janela guarda a paz que te serve
Juro que guardo amor por ti
És leve como leve é a bondade
E puros sois vós que moram em tão grandiosa alma!


2 de junho de 2011

Ia, ia, ia

Brinque à quem já dorme
Que a mera opção seja morta pela escolha!
Eu enxergaria teus olhos que não lembro a cor pra reproduzir um som igual
Adivinho que tua boca sussurraria:
-Pelas roupas nos varais te escolheria verde e mais, à sombra das laranjeiras te buscaria radiante e fugitiva.
A rotina do som e movimento quebraria com o almoço ao meio dia e à meia noite eu dormiria fechando os olhos com você 
Com você eu sonharia
Mais uma vez
Dentro da noite verde clara
Cantando e completando meus versos cotidianos
Sem pretensão de rima
Finalmente a felicidade (passada) acodiria
Num verão irônico eu morreria
Em meu vestido dourado em sol a chuva apagaria o bordado dos versos verdes
Belo é o fraco, em teus braços enfim
Quando em teus olhos convictos, minha paz repousaria

(08/03/2011)

Conforto de inverno

Ares de tempos distantes
De passos rasgando o espaço presente
Teu frio não estendia à teus olhos
Ví teu corpo refletindo algum céu
Escondido
Eu senti
Buscava o que o gelo dos meus dedos pedia
Aos teus
Teus e meus embaralhados, embaraçados e certos
Cordialmente separados por silêncio e por pressa
Saudades futuras
Teu rosto se perde aos ladrões que me cercam
Retorne