31 de agosto de 2011

De malas pra Lua

Nada em paz
E nada diferente então
Nunca sonhei com os pés no ar
Mas num dia fosco me escapa dos braços a graça do sol
Culpada a cor preguiçosa ou o som ausente do mar
Vagarosa, devo buscar lados de brisa
Num outro canto longe do céu
Dias ruins vão ficar como lacunas pesadas ficam suspensas na alma
Nem a pintura forte da tarde cobre a soma da decisão
Suas fraquezas me tiraram do lugar
Tanto faz que a lua seja opaca
É lá que me fazes pensar em morar

30 de agosto de 2011

Lapso branco da noite

Havia luz fluorescente e delicada melodia
Estampas nítidas unidas ao ouvido de um sussurro breve
Lá fora,
Segredo angelical a inspirar romantismo aos inocentes do coração feminil
Sensível e dócil, da única sensível e dócil mentira
Mais artifícios gentis vagavam no cômodo acolhedor
Qual luz saborosa do fogo
Desprovidos de efeito, porém
Inútil trabalho de menina
Insatisfeita de lamentos óbvios entornava a tempestade aos lábios febris
Aos poucos a sede lhe retornava
Eterna falta de um mar

19 de agosto de 2011

Eu sou o relógio, às vezes

Passadas as horas
Todas
Ele adormece, de súbito
Sem suspiro, sem murmuro, previsão...
No último tempo, na beira do fim
Despenca
Que só a espera tem licença de assoprar...
Portanto fica
Só se pode escalar engrenagens
Volta
Pisa em tal dificuldade qual a minha em entender
Lhe ver
E em pena, ainda, me sente
Ensina aos meus olhos ouvir o coração
Parado em meu peito, desiste e não bate
Arrodeia e tonto insiste no eterno arrodear
Impulso de quem não espera mais de mim, opera

12 de agosto de 2011

Pré-sono, pré sonho

Saudade chorada
Morta
Contraria a você
Um amor contente e falho
Mesmo ausente
Todo o pavor num avesso imediato
De repente, 
A flor do campo desperta no túmulo
Se aconchega, bela tal qual é
Imponente
Num dia cansado, cochila na colcha estampada de folhas
É vivo o aroma que eu respiro
Te guardo no alto do coração, próximo a nuvem de algodão
Antes do céu
Me desculpo e lhe agrado
Bastou o dia dentro de um sono
Amei quanto pude esse contato

7 de agosto de 2011

Deixou o amor solitário o poeta, para amá-la uma só vez

A tua alma de poeta amou
Amou inquieta
Por lugares sem romantismo vagou
Vagou tua calma calejada
No corpo esbelto da dor
Bailou no céu de tua boca, metade do beijo, em versos feios
Desajeitada a tua habilidade, mestre, falhou
Engolira os nervos que clamavam ao anjo
Em garganta febril de espanto, calou
Oculta nas pálpebras tua nobre vontade
Não amava o amor, a amada.
Pudera ela enxergar migalhas de um sonho
Chegasse aos ouvidos, tua informal versão
Fosse em soluços, gagueiras, verdades
Puros de peito, refeito em olhos baixos de amor
Soubesse ela trocar teus medos nos risos
Guardar-lhe os segredos no morno da face
Abraçar tua atenção
Se os olhos ciganos passassem de infeliz adorno
Adivinharia o poço deitado nas flores de tua janela embaçada
Curaria a dor de tuas lembranças vivas
Soltaria o peso do sorriso inteiro
Afogada a aflição torta em teu próprio tormento
Morreria ela, como morre certo de si o vento em noites de verão