21 de maio de 2012

Fogo glacial

A tropeçar
Numa canção que me plantaste ao peito
Vejo que agora não é o momento
Me chega tarde tua intenção

Talvez
Seja o poeta amante triste sombra
Que perambula quase arrombada
Com seus bilhetes secos pelo ar

Foi sem querer...
Que ignorei teu rosto nos meu dedos
Que te deixei num riso compungido
Sem compromisso e olhos eu parti

Teu coração
Me fiz gelada que nem escutei
E ansiosa em outro amarrotei
O teu xadrez de ira e aflição

Agora entendo
Como um inverno que desprende em dança
Desfalecido feito a tua farsa
A triste valsa que me deu pra ouvir

19 de maio de 2012

Na ponte do assunto

Suspira fundo o mar
Numa estante
Revoltada do lar
Do lado
De cá da beirada

A palha voa
Na areia
E o chão encontra casa nos ares
Luar de fogo levanta o olhar
Do sol dormente

Pula a água da insonia
Fervendo em espuma
Decrescente

Por engano e graça
Quis me ver sonhar
E inventei mais versos pra rimar

Organizei no quarto
Dessa pessoa um pacto
E imaginei no azul saudade

Tenho vontade de o céu parar
Pra ouvir ele contente
Em seu peito respirar

11 de maio de 2012

Um vínculo, da flor e da terra

Parecem bochechas
Cachinhos
Aparecem e expandem pro ar
Ar azul
Cama desfeita
Sofá
Aparece chuva e pipocas sequinhas
Parecem pedaços
Parece um abraço
Do sonho que eu tive pegando você

De pano, de vida, boneca

Doce, como toda a consternação
Como todo enfêrmo
Ela era amada de um amor que não achava espaço
E calma
Como calmo é o pavor das crianças órfãs
Possível regente de alguma vida
Como um deus proibído de acreditar
Verdade áspera de engolir
E tal vida, crescida
Solta num deboche perseguidor
Resistente, a encontrando às vezes
Como de forma bipolar
Respirando quente ou morta
Mulher a dentro,
Oscilando entre brincar e sobreviver

Retratação

Mesmo a falta de vontade custa
Existe dopada
Droga nojenta de experimentar

4 de maio de 2012

Velha chama

À água que vier
Que venha!
Queira vir
Devagar
Sem vontade
Sem calor e sem verdade
Pois que chama que a aquecia
Envelhece
E a memória só serve
Pra esquecer o que ardia
A água que vem, de coração,
Venha!
Suja
Com um pano úmido pra limpar
E a euforia
A alegria?
O samba, a promessa
a vontade, o calor e a verdade?
Nós dançamos desbotado
Nem só eu, nem só você
Às vezes, nós dançamos desbotado...
Mas, sabe que algo me faz leve amor?
Amor?
E que nada importe
Sujeira, água, pano
A chama arde num momento
Eu ardo
E se tua água chega gelada ou tarde
Que chegue de novo
Sem consciência
Pela metade
Estou aqui, sem mais pensar e sem vontade