20 de março de 2010

O repetir das cenas

Diferente da fonte que jorra sempre clareza e saciedade
Jorram as palavras sujas de uma alma escura
A música tem sentido oposto ao de antes
Eu só consigo lembrar do mato e das cachoeiras
Do barco, do entardecer
Da areia, do mar sem fim
E das palavras que me olharam ontem
Um quinto de alegria
Todo o resto de penar
Se eu desfizesse em farelos
Ou nas cinzas que mostram passagens de um texto acabado
Não aguento mais meu papel no espetáculo
Quanto menos o repetir das cenas tristes

Sem direitos

Eu peço socorro
Não é à você que devo pedir
Eu quero um remédio
Venha de onde vier
Eu quero esquecer
Seja como for
Eu quero fugir sem ninguém perceber
Sem ninguém pra encontrar
Sei o quanto o fiz mal
Não me diga que não
É uma vingança
Inconsciente, eu sei
Você nunca teve culpa
Devo pagar o dobro então
Eu não quis
Não quero minha chantagem
Eu preciso vomitar todas palavras
Não há espaço mais em mim
Desejo, enfim, a solidão
O silêncio, o vazio
O curativo que não quer vencer nem tapar a ferida aberta
Que não cura nem esconde
Mas que expõe sem se importar

Contigo e sem ti não faz sentido

Não quero ser como um cárcere
Quero a tua alegria seja onde ela for
Quero teu sorriso solto
Tua paz despreocupada
Quero a tua leveza
Tua diversão
Não os quero pra mim
Não seria egoísta assim
Quando comigo tudo é preso
Passageiro
Quero que voe de encontro a alegria
A tua verdade
Doa à quem doer
Menos à você
Te quero feliz
Seja onde e como for
Seja livre para amar
Não quero a tua confusão
A tua briga consigo
Não quero mais um prisioneiro inoscente
Uma alma zumbi inconsciente
Sem sentir à entediar
Esqueça a mim para pensar
Viver contigo e sem ti não faz sentido

Choveu de repente

Deus me protege de mim
Não tenho onde ir
Não vou chorar
Nem que o onibus rode o universo
O tempo não basta
O pacto das hora com Ele
Me faz sofrer sem precisar mostrar
O choro arranha a garganta
Dói a alma e pesa o pensar
Tenho medo das palavras
Mas pesa tanto, em mim, guardar
Não há quem aninhe
Eu não posso dizer
Ainda me alegro na tua presença
Mesmo com essa indiferença
Mesmo o vendo atuar
Você vai lutar contra o sentir
Quando eu rio feito boba
Assim como uma criança
Pra te envolver e sentir teu pulsar
A vida que nasce em meu coração
Te vejo surgir e trazer minha paz
Quando a lembrança das palavras vem me assombrar
Quando eu lembro as ações sem você pra negar
Música é lembrança de tempos distantes
Eu já não sei o que fazer
Se meu poema é mais aflição
Sem cor
Sem harmonia nem som

18 de março de 2010

Fragmentos do pensar

Um pouco do pedaço de tudo
Um fragmento do pensar
Quem imagina um eu em si
Um pedaço de todo o amor
Partículas de sonho inteiro
Metade do viver pra sempre
Felicidade do querer sorrir
O choro de quem prefere a rua
Conforto é melodia
Palavra aninha mais que a cama
O sabor da vida em querer viver

8 de março de 2010

Felicidade vem depois

No fim do mar
Há um fim de mundo
Há o fim do sol
No fim de cada fim há um começo sim
Começa a noite
Esconde o azul-claro
É forte a ressaca e forte o azul de um novo céu
São fortes as lembranças do dia
Forte é a reflexão
Pesa a luz no chão
Luar é roxo
Nuvem um licor amargo
Chuva suja o meu cabelo
Leva o sal do corpo
E o gosto do ruim
Então
Passarinho canta solto
Madrugada se despede
O sol vai acordar
Noite longa foi-se embora
Pesadelo acaba
Amargo corre de mim
O calor do dia derrete a lembrança
Começa a andança
Da estrela do mar
Caminha com seus sonhos tão felizes
Num sorriso de criança eu começo a pensar
Choro de alegria sim
O pano sujo do vestido
Agora é moda
Não é mancha é jeito de vestir
A areia seca e fica fina, o peixe pula e grita:
-Olha a sereia alí!
O príncipe do mar que surge
Num cavalo azul marinho a carregar
O amor sem peso n'água
Sem culpa ele nasce puro a renovar
Construindo a nossa vida
Casa colorida
Fruta fresca no jardim
Rede é o balanço da euforia
Entendimento é melodia
Simples é o viver
Noite vem bela e delicada
Estrela formosa guarda um lugar
Onde há espaço só pra dois
Felicidade vem depois que teu sorriso aparecer

4 de março de 2010

À ESPERA

Da naturalidade
Simplicidade
Da Paz das coisas belas
Que só belas julgam os puros de coração
Não há misto de claridade e manipulação
De explicação
Não quero o mau, nem o terei
Não quero ser o que não sou, nem o serei
Devia arrepender-me do ridículo se o ridículo é o coração?
Ser feliz é a questão
Dona da palavra minha
Vou sonhar

A Nobreza De Um Sonho Sem Manipulações

Será seu sonho o mesmo que o meu?
Não há mais o que escrever
Eu me repito
Sonhos são belos e incompreensíveis demais para expô-los aqui
Cometeria um atentado à imaginação
Sonho não é viagem [apenas]
É sensibilidade que cabe a poucos encarar
Não cabe em palavras
Ditas
Mas sentidas, ouvidas de perto
Sonhos que serão sonhos se você os sentir quando eu tentar descrever
Se os sentir, não serão os mesmos que os meus, mas serão os meus
E completará as minhas frases
E o meu coração
Sem que eu ouça o que quero ou sei que vou ouvir
Mas que ouça minha voz madura ao falar
Como o espelho das vozes ocultas, prestes à libertas
Sem adivinhações, ironias ou charme deploráveis
Mas com sinceridade apenas, alma e coração...