22 de agosto de 2012

Bem aventurados os que usam olhos pra enxergar


Bem aventurada a náusea
Dos que a sentem
É indicio que têm olfato
E cheiram
Sem disputar a graça cínica de um farejador
Bem aventurado o nojo
Dos que escutam o veludo rouco,
Mal repercutido
Interpretado, falaz
Felizes esses
Sinal que limparam a cera grudenta do cativeiro
Ouviram a voz arranjada
Em flauta doce... e vibraram de inquietação
Bem aventurados os que sentem
Na pele, a pena do fanático
E sentem no peito mole, as palpitações da ânsia
De cuspir verdade alheia
De abrir olhos escravos
Bem aventurados os tolerantes, 
Que respiram o ar dos pesados
Sem regurgitar
Bem aventurada a consciência, a noite, o ar adolescente da liberdade
O sono dos que sonham franco
Beleza dos olhos feitos pra enxergar