24 de julho de 2010

Com o coração

Se a chuva verter da terra e os olhos chorarem areia
Se o infinito acabar no jazigo
E as formigas forem extintas
Se nenhum coração congelar todo dia
Você não verá em mim valores nem pudor
Se todas as estrelas fugirem
Todo o mar perder o sal
Eu terei arrancado de mim o amor-próprio
Me custou reanimar
Empilhar os sonhos próximo ao cume da realização
Não me faça submeter
Não me faça querer te esquecer como digno
Olhe as janelas da alma
Se refletir é que ama mais a si
Me faça perfeita
Basta me ver com o coração

6 de julho de 2010

Feito de felicidade

Aceito tú oh sol da tarde
Em laços prende-me as idéias
Relaxa meus sentidos
Me aquieta
Sol que abraça feito manto
Braços de luz quentes e difusos
Traz sem licença o vital da natureza
Desbota o crú
Pinta o que é vivo
Sol, pai do respirar, do sentir e do pulsar
Ilumina minha mente
Tú que já viu toda a metade do tempo do mundo
Que ama tanto a lua há tanto tempo
Que espera, serve e não se alimenta
Confidente de si próprio
Diz-me onde está minha real alegria
Se a emoção é tão duradoura e quente quanto o amor
Se há cumplicidade entre a paixão e ele
Sublime Sol, astro-rei
Conta se viu algo verdadeiro nesse mundo
Envia-me a fórmula, as coisas e as pessoas feitas de felicidade

Seja ela

Desenhe precisamente o topo daquela árvore
Que altera os traços com o sopro do vento
Que satura suas folhas
De acordo com o segundo que prevê a mudança de luz
Encontre o foco
O foco por entre os poros do seu ar
Represente o prazer que delinia sua sombra
A pureza de sua intenção
O doar-se sem cobrar de sua benevolência
Encuta ao desenho seu perfume
A variação de sua beleza contagiante
Pinte a sua generosidade
Inclua o balanço das flores sem borrar o matiz
A suavidade da dança nas cores reais
Ainda assim, dobre os joelhos à ela
Declare o respeito em palavras restritamente tiradas do coração
Ame,
Ame com o amor que nunca conheceu tampouco ouviu falar das coisas feitas pelo homem
Desenhe só ela
Sem nunca ter desenhado coisa alguma
Sem nunca ter olhado em outra direção
Sem nunca ter sugado outro ar
Ame como simples é amar
Seja um, nunca dependente
Mútuo
Seja leve, forte e alegre
Infinito como infinita é a indescritível definição do momento
Seja ela e tenha o direito de amá-la isento de qualquer comparação

5 de julho de 2010

Se eu caminhar

Caminho na linha do teu espaço
Calculado é o traço, o abraço
A frase e mesmo o acaso
Como pensado é o riso
A fala, a verdade
Inventada é a minha manha
Minha incerteza
Minha vontade
Milimetrada, a birra
Meu capricho
A fuga do tédio
Ilimitada a utopia
Meu sonho
Meu sentimento
Sem hora marcada o meu momento