15 de fevereiro de 2011

Solidão recíproca

Sensações do inverno
No auge do inverno
Café amargo formando nós na garganta
Calçadas encharcadas de gente e de sol
Rejeição
Solidão
O vento fica sozinho, cortando o silencio dos postes
Chora lá fora, quietinho numa garoa fina
É culpado da fuga do jovem
Do homem que bate a porta
Ele ouve na fresta do vidro maldosas fofocas a seu respeito
Frio horrível, vento horrível
Esfaqueado é o peito de folhas órfãs a que acolheu com amor
Preferido ao artifício dos aquecedores disputados
E assim, ainda, ele canta à noite
Doces canções de um amor guardado
É dele toda rosa, toda folha, todo espinho
É dele tudo lá fora e tudo ouve ao longe os risos de quem contempla dentro a espetacular e encantadora
Novela
E você, ser racional, é infeliz porque assim decidiu
Essas dezenas de árvores não o engolem por querer
Nem cospem o ninho de seus netos por mero prazer
Elas caem de desgosto pra enterrar sua mágoa na lama que você manipulou
Que você estuprou
Descontrolado, covarde
Deixe que a terra plante em tua alma respeito
Permita que os destroços da tua casa rasguem o véu da hipocrisia
Ao fim, perdoe a si mesmo e derrube tudo outra vez

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