30 de abril de 2011

Minta

Meu pinguinho de orvalho acumulado
Doce rosa da palavra mais açucarada, de um canto!
Num cantinho, dá-me teu encanto
Vento em sopro traga teus perfumes
Do coração
Cultivada a terra dos teus planos simples
Devolve-me o chão!

28 de abril de 2011

(Os mais medrosos e os mais verdadeiros)

Quando você vai me pegar pela mão?...
Macia
Me levar por aqueles lugares?...
Mágicos
Quando você vai encontrar no reflexo do teu sorriso
(Contagiante)
Toda a minha caixa ornamental de sonhos?...
Depositados
Quando você vai acender as luzes?...
Das velas
E todas as horas vão estar num tempo?...
Inexistente
Eu vou sussurrar que ele se tornou mentira
Pode ser que seja nos encantos do teu rosto
Claro
Na paz do teu ombro
Cansado
Essas minhas estórias rendadas vão suportando o peso das verdades
Temo que eu as descubra mentiras
Meros desejos cegos de uma sede da palavra
(que resume a contradição do que há de bom)
Eu vi um dia no teu rosto uma afirmação
Calma, bonita
Eu percebi um sim e deduzi uma força
Estranha
Mas falta ainda alguma palavra em algum lugar
São meus primeiros versos pra ti...

26 de abril de 2011

Mudo

Mais longe e mais pra trás
Indo para além das letras ensopadas de uma chuva azul
Chorando a tinta de uma telha rosada
Despejada
Numa janela estrelada, roendo as cordas medrosas do dia, uma onda castanha
Fria
Quando se rói, a luz do sol se torna mágica
Quando há sol, há um esforço insuficiente
Constante
Consciente
Irracional
Como que um complemento esperançoso de um poema que espera alguém em especial num labirinto de platéias ornamentais, bem ocupadas por atores bons e maus
Ainda antes da última hora
Vaga, ao descer de uma viajem cotidiana
Uma interrogação suspendia entre os cílios
Humidos, meus
Um coração mordido
E um sorriso barato na lembrança
Antes de hoje
Antes do desembarcar de uma viajem cotidiana
Somado a espera aflita do teu peito à tarde
Querendo que bastasse a frase insatisfeita de uma projeção milenar
Querendo apenas que bastasse, e da forma mais irracional
Que os raios arroxeados tem furado o peito, é verdade
Se são dois, teus lábios inquietos hão de revelar

10 de abril de 2011

Era luz

Sempre a mesma seleção
Morre o que é mentira
Mofada a emoção
E o pesar é ter desperdiçado os lábios do ator
Todas as mentiras que existem, o sou
A dor invisível, eu possuo
Uma luz que triste e perversa, é luz
Os clarões só mostram o caminho
Vão covardes, ladrões e verdades
Meu amor-próprio não me deixa apagar

(18:52)

Meu ponto de desequilíbrio

Está bem perto
Eu preciso tanto dele
Ah! Que dependência
Como eu adoro
Venho manipulando
Criando e calculando
Venho espremendo choros
Berrando canções
Eu tenho procurado tanto, mas não, você não pode saber
Porque eu quero ir embora se você aparecer
Toda vez que eu te achar eu vou te moldar
É bem você, exagerado!
Tosco, um verdadeiro encosto!
Eu quero te agredir e te agarrar
Mas nunca vou me desculpar
Porque eu adoro ser assim
Te esculpir
Quero engolir todo esse barro
Eu to enchendo
Vai transbordar o velho cálice
Me enjoa
Mas depois, quero o teu você dentro de um homem
Você que diz o que eu não quero ouvir
Que não é feito de textos mal decorados, destemperados
Eu cansei de te ler e de esperar
De me fazer e inventar
Errada, confusa, fácil, exata
Desperdício de papéis
Eu te acho em lençóis perfumadissimos
Enjoa
Ateie fogo com essa vela e me faça escrava do teu luar
Mas surpreenda porque eu não imploro!
És contraditório?
Prefiro ser mulher ao te ver tão infantil
Os ovos mal descascaram, tu vês?
Estou te achando dentro da certeza
Porque eu não te quero agora
Quero longe, em outras formas, tons e calor
Insuportável
Eu não quero te querer, te cuspir antes de comer
Te desejo tanto, eu te acho
Não desisti de desistir, me deixe bem aqui
Livre pra fugir
Toda hora, me beije longe do agora
Olhe pra mim sem piscar que eu me arrisco correr antes de encontrar
Do meu avesso transparente e previsível, te acolho
Meu sentir intenso
Meu amor grotesco
Meu ponto vital
Desequilíbrio

(18:20)