17 de janeiro de 2012

Uma

Sonhei que me amava em letras
Que me amava repetida e desesperadamente
Eu sonhei que me amava em promessas
E acreditei que promessas desgraçavam a vida
Eu jurei não gostar nem chorar
Eu sonhei que a lua não passaria de esfera branca sem linhas diagonais
Jurei que a força prenderia tua cabeça a minha
Mas o coração conhece o pesar
O incontrolável e o maior
A desgraça e o frio que ferve os ossos
Não tenho saudades da morte
Não tenho vontade dos fracos
Tenho aversão ao peito de nuvem inconstante
Eu tenho pedra na vontade da alma
Tenho um túmulo gelado prometido no sangue que a minha justiça sofreu

16 de janeiro de 2012

Medo é nada, pois que cães não mordem o coração

Os meus botões falam-me tudo
E nada
Confirmam e esfriam o peito
E sobre o peito, os meus botões desafiam
Debocham do meu momento
Trazem à pele da primavera o frio
Concreto
Meus queridos, simpáticos, lindos botões
Costuram na garganta o choro
Abotoam o ideal da razão
Bebem em dois tempos as falas da gente
Antes da tal desventura
Me afirmassem deveras inteligente
É certo que meus botões por vezes me enganam
Lançam um silêncio sincero
Depois desesperam,
Expulsam de dedos agudos canção.
A justa resposta de olhos ausentes me fez libertar
É sorte que os braços de açucar
Não vão mais merecer de mim, escapar

Do lado dos mares

Você virá com a falta de toda a saudade que me plantou
Não como vento de amor furioso
Nem como brisa se derramando em carinhos
Virá, se eu o notar, como a lombada efêmera dos mares no inverno 
Como um sopro infantil no centro do vendaval