20 de fevereiro de 2010

Segundo espetáculo

Sejamos simples
Nesse mundo suave
Belo
Azul
Eu quero rodar
E rodar
Quero cortinas rendadas
Flores de cheiro
Velas no chão
Estar alí, não aqui
Deixar o tempo parar
Basta sonhar...?
Sejamos simples
Não são os olhos que vêem 

19 de fevereiro de 2010

Agora Eu Quero

Eu quero um vestido rodado de chita
Quero rodar a gastar as solas do sapato
Sem tontear nem cair
Quero uma fita de linho rude
E um palco para jogar
Quero um tacho grande pra doce
E o poder de adoçar
Quero fogo e cetim sobre o chão
Num espetáculo de luzes quentes
Foco em cima de mim
Cabelos de terra
Quero palhaços bobos nas cochias
E um temporal no alto céu
Quero raios e trovões
Aplasos inventados
Quero o mais intenso dos espetáculos
Na platéia

Quero ver só teu olhar

A Partir

Hoje felizes são os espinhos das rosas
E as rosas sozinhas que aprendem a lutar
Feliz é o dia em que encontro meu Eu
A cor dos céus
E feliz a vista da varanda sonhada
A brisa ou o vento
Nesse frio se faz feliz
A carroceira que pede mudas de adalha
Tem suave perfume de mato
Com leve sorriso de mãe satisfeita
Feliz é o canto da casa
Envolta de pássaros e pegadas de gato
Feliz é o dia da felicidade
E bela a feliz pinpolha da casa
Realizando serviços com gosto de irmã
Feliz o chamado do pai ausente preocupado
Vendo o banho dos pássaros na poça da estrada
Feliz é o dia em que tudo, belo ou feio, é ao extremo feliz!

18 de fevereiro de 2010

Sentir

Oh meu querido penhasco sem borda!
Envolto de plumas
Impuras
E esferas
Escudo de mato
Envolto da espera...
Cachoeira, me leva
Eleva meu ar
Em águas dançantes me faz congelar

R$ 1,50


Aconteceu, to sentindo
Ta ventando, eu to dormindo
Se tocou eu to dançando
Vai correr eu ja to indo
Provocou eu to fingindo
Insistiu já to mordendo
Acredita eu não pergunto
Me enganou acaba o mundo
Confessei quando errei
Chorei meu bem
Que eu não gosto de rimar
Eu não curto esse teu jeito barato de me mimar
Sambei, mais uma vez cai, amor
No meu céu me embriaguei
Durante a chuva que você envenenou
Mas se quebrou eu não te espero
Conserto só o meu castelo
Comigo mesma eu aprendi
Se eu for morrer talvez apele
Dependência me repeli
Não tenho medo, eu já ousei
Me arrependo, mas falei
Música antiga, não foi sozinha que eu cantei

Cabelos Vermelhos

Deixe à cabeceira o valor
Do que interessa a você
Roube o quanto puder
Da cobaia maldita
Nos infernos do amor

Permaneço Igual em Mim - invejável dor

Se mudo
É que me faz mudar
Enlouqueço
Agitada em mim
Se calo
É que me faz calar
Sinto o mundo gritar o fim
Se escuto
É que me faz pensar
Perco o sono a sonhar assim
Insulto o dia da espera
E a noite estreita de voz azul
Ergo os punhos no rosto impuro
De lágrimas sujas com a afável dor
Me atrai a lembrança
Que esqueço de mim
Converso em sonhos
Seriam meus
Jogo a voz cansada à garganta enferma da alma
Eu não esqueço de pensar em ti

Parada Triste

Parar de tentar
Para parar de conseguir
E então parar de sonhar
Hoje é triste o sol
E triste é a chuva que o desenha
Triste é a vista da janela
E triste a tristeza do par de árvores
Tristes são os pássaros
Com tal ânimo de viver
Que clamam a suas esposas
Que cantem histórias tristes de amor
Triste é a briga quieta do gato
E triste a espera do cão caçador
Parar de chorar
Para parar de engolir o choro
E então parar de sonhar

17 de fevereiro de 2010

Se a leitura for calma tanto quanto infinita

O som do arco-íris está sufocado por entre a íra dos céus
Ah se o som fosse o dele!
Para que estudar a harmonia que se sente e repreende?
Por que não sentir a melodia e beber do sopro?
Ouvir o pensar e namorar o vento?
Se uma noite um sol aquecer o corpo exposto num colchão de puro cetim
Se o branco reflexo cegar os olhos da alma e calar o medo do espírito
E se a chuva cair do alto céu bem mais lenta que a pluma
O amor voltará como autêntico
Hipnotizará aninhado em leves e infindas ondas castanhas de um mar singelo
Se a leitura for calma tanto quanto infinita
O sentirá
Levitando o espírito para além do pesar...