23 de julho de 2012

Palavras pra quem quer usar

Num tom cinzento
Urbano
Traiçoeiro
Desciam escadas
Cem palavras

Sequer remetiam sentidos
Tato técnico
Burocrático

Pra inspirar desconstrução
Mais técnica
A problemática
Sentido enfileirado tática a tática

A rima aberta oscilava
Desesperada por encaixe
Pelos escritos vasculhava

Emparedadas,
esperneavam as palavras
(verdadeiras)

O poeta calculista
Soterrou o inconsciente
E de vítima inocente
Sorteou moça infeliz

Cobriu com terra as tais letrinhas
Namorou a pobrezinha
E gerou filhos

...Numerais !

De palha e de vôo

Um solzinho acordava suas pétalas
Arrocheadas
E o mar das ondas mergulhava feito rio na tempestade
Qual gaivota eu pescava os fios
Pra costurar essa casinha
Mas boiei
E um caramujo implorou que o invejasse
Mirei a pria e lacei
Rastejei na água e alcancei os castelos
Retoquei
Teci os bambus retorcidos, fiz morada
Um cabelo de musgo acordou-me na cama e eu rolei apaixonada