29 de outubro de 2011

Esboço de lua no céu

Do silêncio de estrelas, fez-se a sucata
Quase um ponto luminoso
Quase uma chuva
A quase existência de uma dor
Quase um espirro do monumento enfermo
Dois espíritos quase apaixonados
A quase vontade de um beijo
Quase o protesto da maçã
A milésima separação do mês
Quase...
Porque os pombos quase me falaram
E o som das folhas quase me iludiram que era o mar
Mas eu quase fechei os olhos
Quis enxergar quase todo o frio no arrepio da pele
A força da tempestade quase me arrastava
Porque de sono extremo eu quase sonhava

7 de outubro de 2011

Nem sei qual par, criança inventa!

Ainda a pouco vi nós dois
Nem sei a metade do par...
Sei que corria, cambaleava!
E com os pássaros, nossa infância gargalhava
Feito as hienas que não conhecemos hoje
Feito as lágrimas de um riso rechonchudo
Nós dois
Comentando a árvore que não crescia
A cadela que mugia!?
Pelo chão, reparava o pó que levantava
Quando fui levar o lixo
A barriga retorcia
Nossos cabelos
Imitando a euforia...
Eu vi na água
Que o calor evaporava
Senti na pedra que irritava o teu sapato
Esperava o trem junto ao pinheiro incomodado
Exploradores da mesma paisagem
Respondia a folha leve qual o destino dos vagões
À tardinha, no boteco
Centavos enchiam nossas caras de doce
Perguntava à saída da missa:
- E se a lembrança assim não fosse?


O espírito que partia

Um verso exato
Como onda rasa
Bate ao lugar que deveria ser casa
Numa manhã do calendário
No espelho americano do mapa...
Novas caixas embarcam numeradas
Levam bagunças bem dispostas
Fila selvagem, organizada

Todas as vezes minto

Entre o que a gente sabe
E o que a gente sente
Há sempre o que a gente cria,
O que a gente mente
Nisso eu acredito
Nada que penso foge ao conflito

4 de outubro de 2011

Ao mesmo Sol

Cá, onde me fazes tornar
No verde-escuro
Na falta de ar
Agarrada aos pés da altura
Descrente de voltar a voar

Abaixo

Chega de sol na janela
Era tão velha
Chega de vida
Saltos na sala
Chega de quedas
Super-heróis
A parede declara:
-A partir do passado
eu durmo no chão...

3 de outubro de 2011

Pela sala

Chantagem a vida
Mente a água cintilante do mar
É fria que corta
A esperança de se deixar cativar
Respeito, repito!
Me ordeno, me moldo, reflito

Voltou

Vou decidir meu futuro
Pôr sempre à mesa
Ansiedade, teimosia
Certeza
Vou saltar pelo muro uma aventura
O que fica em cima dele nunca dura